"Aracaju precisa de mais interligação nas ciclovias e educação no uso dos patinetes", afirma Nelson Felipe, superintendente da SMTT


por Marta Olivia Costa, da redação Xodó News 

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Em entrevista ao Jornal da Xodó desta quarta-feira, 2, o superintendente da SMTT (Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito) de Aracaju, Nelson Felipe, destacou a importância da expansão e interligação da malha cicloviária da cidade, além de abordar questões relacionadas ao uso de patinetes e bicicletas elétricas, que têm gerado preocupações quanto à segurança e educação dos usuários.

Nelson Felipe explicou que Aracaju já conta com mais de 100 km de ciclovias, um avanço significativo para a cidade, que tem um clima favorável para o uso de bicicletas, com temperaturas médias ao redor de 28 a 30 graus. No entanto, o superintendente apontou que ainda falta a interligação de várias partes dessa rede, o que causa transtornos para os ciclistas. “Quando eu saio de casa, em Aruana, e vou até o Farol da Coroa do Meio, por exemplo, acabo pegando a pista, porque a ciclovia acaba naquele ponto. Depois, só volto a encontrar ciclovia na Delmiro Gouveia. A interligação das ciclovias é fundamental para a segurança do ciclista”, afirmou Felipe.

Em 2015, uma pesquisa realizada pela SMTT revelou que mais de 2 mil ciclistas utilizavam a bicicleta como meio de transporte para o trabalho entre as 5 e 7 da manhã, refletindo o crescente uso da bicicleta em Aracaju. Felipe destacou ainda que a interligação da malha cicloviária se torna, portanto, uma prioridade para garantir mais segurança e praticidade para quem utiliza as bicicletas nas ruas da cidade. “Precisamos melhorar a integração da nossa malha cicloviária. Isso não é apenas uma questão de conveniência, mas de segurança. Sem a interligação adequada, o ciclista precisa enfrentar as pistas de veículos, o que representa risco”, explicou.

Outro ponto de discussão foi o uso de patinetes e bicicletas elétricas em Aracaju. Embora esses meios de transporte sejam uma alternativa interessante para a mobilidade urbana e lazer, Nelson Felipe reconheceu que a falta de educação no trânsito tem causado problemas, principalmente em ocasiões como festas e eventos, quando o consumo de álcool pode levar ao uso imprudente dessas ferramentas. “A ideia dos patinetes e das bicicletas elétricas é maravilhosa, pois facilita a mobilidade e pode ser uma diversão também. Mas, infelizmente, uma minoria de pessoas tem causado transtornos, como os famosos ‘rolezinhos’, colocando em risco a segurança de todos”, lamentou Felipe.

A SMTT tem adotado medidas de controle para minimizar os riscos, como limitar a velocidade dos patinetes elétricos a 9 km/h em determinadas situações e bloquear o acesso dos usuários que cometem infrações. “Ontem mesmo, tomamos uma medida tranquila. Quando recebemos informações sobre um grupo fazendo ‘rolezinho’ na cidade, nós imediatamente baixamos a velocidade para 9 km/h. Com isso, perderam a graça e abandonaram as patinetes. Estamos também bloqueando os usuários que fazem mau uso. Identificamos os responsáveis, porque quando a pessoa se cadastra, conseguimos saber quem é. O primeiro bloqueio é por três meses, e na segunda infração, o bloqueio é definitivo”, afirmou Nelson Felipe.

Além disso, há uma campanha contínua nas redes sociais para conscientizar a população sobre os perigos do mau uso e incentivar a utilização responsável desses equipamentos. Felipe reforçou a necessidade de uma educação mais eficaz para o uso de patinetes e bicicletas elétricas, principalmente para evitar situações perigosas como "rolezinhos" e outros comportamentos irresponsáveis, que colocam em risco tanto os usuários quanto os pedestres. “Patinete e bicicleta elétrica não são brinquedos. Não podem ser tratados dessa forma, especialmente quando envolvem velocidade de até 20 km/h. Elas são equipamentos de transporte e devem ser usadas com responsabilidade”, alertou o superintendente.

Nelson Felipe também relatou que, em sua visita à Curitiba, foi surpreendido ao saber que Aracaju era a primeira cidade do Brasil a enfrentar problemas com o uso inadequado de patinetes elétricos, o que reflete negativamente na imagem da cidade. “Fiquei chateado ao ouvir que Aracaju é a primeira cidade do Brasil a ter esses problemas com patinetes. São mais de 20 cidades com esse tipo de serviço, e Aracaju está na frente quando se trata de infrações. Isso prejudica a nossa imagem, e é algo que precisamos mudar urgentemente”, afirmou.

Ele reforçou a importância de a população se conscientizar de que essas infrações podem resultar em acidentes graves, prejudicando a segurança de todos. “Quando vemos situações como rolezinhos na contramão ou patinetes sendo colocadas à venda, como já aconteceu, estamos prejudicando a cidade e colocando a vida de pessoas em risco. Isso é inaceitável, e a sociedade precisa se posicionar contra esse tipo de atitude”, disse Felipe.

O superintendente concluiu destacando que a colaboração da sociedade é essencial para que esses problemas sejam resolvidos. “Por mais que a SMTT tome medidas de fiscalização e conscientização, é necessário que a população se engaje. Se não houver uma atitude coletiva, será muito difícil mudar esse cenário. Precisamos da ajuda de todos para garantir que nossa cidade se torne mais segura para todos, e que as pessoas possam desfrutar dos benefícios de uma mobilidade sustentável e responsável”, concluiu.

Com a implementação de ações de conscientização nas redes sociais e o apoio de outras entidades, como a Secretaria de Comunicação (SECOM), Nelson Felipe acredita que Aracaju pode superar essas dificuldades e seguir avançando na melhoria de sua infraestrutura de transporte e mobilidade urbana.